Blog destinado apenas para a postagem de capítulos do meu livro, que ainda não tem nome.
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Sobre a autora

- Lívia Nunes
- Geminiana, gosto pelo o inalcançável e atraída pelas estrelas. Autora de textos utópicos e, quem sabe, auto-depreciativos nas horas vagas. Futura psicóloga e amante de gatos.
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Prólogo
‘’Medo: Algo que
faz você pensar duas vezes antes de agir. Algo que corrói todos os seus
instintos. Algo simplesmente incontrolável (...)”
Querido Diário, 08 de
Agosto.
Eu nem sei o porquê de estar escrevendo, agora
meia-noite. Mas foi meio que um impulso. Só não consigo parar de escrever. Na
verdade, eu não quero parar de escrever. Quando eu me lembro... Eu preciso
escrever. Só isso. Parece que sempre estou fora de contexto, parece que sempre
eu vou estar a um passo atrás – ou á frente, depende do seu ponto de vista -,
parece que
Um ruído
estranho me desperta em minha janela.
Subitamente,
coloco o meu diário em cima da cama e vou até a cortina.
O piso de
linóleo range abaixo de meus pés a cada passo que me aproximo da janela,
parecia que meus ossos tremiam, pois não conseguia manter-me na direção
correta.
Sinto uma mão
gelada em minha nuca, e um grito de puro pavor fica preso em minha garganta.
Tampo a boca
com as duas mãos para não gritar.
Meu coração
bate freneticamente, enquanto hesito para abrir a cortina que irá dar para o
jardim de minha casa.
Com um
movimento rápido e firme abro a janela.
Só o que vejo
é meu reflexo assustado no vidro fume.
Acalme-se Claire. Digo para mim mesma. Foi apenas um pássaro ou qualquer outra
coisa.
Fecho a
cortina e vou para o meu banheiro.
Apoio na
bancada para poder acalmar meu coração.
A menina que
via no reflexo do espelho não podia ser eu. A Claire que eu conhecia era firme,
durona, nada a assustava. A menina branca e de aparência frágil não podia ser
eu. Na verdade, não conhecia aquela menina.
Não podia
conhecer.
Meu cabelo naturalmente
ruivo fazia um sinistro contraste com a minha pele clara. Meus olhos verdes
estavam mais claros do que o normal por causa do medo.
Corujas. Foi isso. Apenas indefesas
corujas procurando por abrigo por causa do inverno.
Eu não podia
continuar me assustando com qualquer barulho em meu jardim.
Precisava
superar isso.
Dei uma
última olhada na menina assustado e volto para o meu quarto.
Quando abro a
porta, fico paralisada de medo.
Meu coração
para de bater por um mínimo instante, enquanto tento absorver o que eu via,
afinal, eu mesma podia ter feito isso.
Meu diário
não estava em minha cama, onde eu havia o deixado.
Estava em
cima da minha mesa de estudos, aberto e virado com as páginas para baixo.
Com passos
hesitantes, pego o meu diário e o fecho, guardando-o em baixo do meu colchão,
onde sempre o escondia desde quando havia ganhado o meu primeiro diário quando
tinha doze anos.
Quatro anos
haviam se passado e eu ainda escrevia um diário. Não conseguia não escrever,
era um vício.
Mas... Como o
diário havia saído da minha cama e ter parado na mesa de estudos?
Sinceramente,
eu não queria saber a resposta para isso. Pois eu tinha a leve sensação de que
eu já sabia, ou que pelo menos, eu já deveria saber.
Estico o
braço para pegar meu iPod na cabeceira da cama, coloco na música que mais me
acalma: Maid with the flaxen hair, do
Richard Stoltzman, e na sequência,
coloco Sleep away do Bob Acri.
Sim, eu gosto
de Debussy e Jazz, apesar de ser estranho – ou não descolado - para uma menina
da minha idade, gostar desse tipo de música e não gostar de pop ou sei lá o
que, sim, eu gosto mesmo assim.
Deito em minha cama e fecho os olhos com força, tentando
esquecer os meus medos, o dia que havia se passado, a esperança. Fecho os olhos
com força tentando esquecer a minha vida.
domingo, 4 de março de 2012
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