Blog destinado apenas para a postagem de capítulos do meu livro, que ainda não tem nome.
Arquivo do blog
Sobre a autora

- Lívia Nunes
- Geminiana, gosto pelo o inalcançável e atraída pelas estrelas. Autora de textos utópicos e, quem sabe, auto-depreciativos nas horas vagas. Futura psicóloga e amante de gatos.
Tecnologia do Blogger.
Eai vai mais um capítulo de Claire Blac!
Capítulo 3, Sentimento
“E quando tudo der errado?...’’
— Matt, eu...
E novamente
sou interrompida por Matt, mas dessa vez foi pior. Foi muito pior.
Eu não fui
interrompida pelo dedo indicador de Matt, e sim pelos seus lábios.
Tento
protestar, mas apenas o que sai de meus lábios cerrados é um gemido abafado.
Que Matt
interpretou mal.
Ele
interpretou o meu gemido como algo bom, como se eu quisesse o que ele estava
fazendo.
Mas não era
bem isso que estava passando pela minha cabeça.
O empurro e
tento falar aos arquejos.
— Matt... Agora
não, por favor. Um monte de gente está olhando para gente agora. Isso vai virar
um escândalo. — Digo tentando formular algo melhor em minha cabeça, algo mais
convincente.
Os olhos de
Matt brilhavam de alegria. E eu não queria ver isso, não mesmo.
— Eu não me
importo com o que eles pensam só me importo com você. — Matt diz e sorri.
Engoli a seco
e o empurro mais.
A confusão aparece
em seus olhos e ele me solta de seu abraço desajeitado.
Não.
Eu não iria
fazer isso com ele, afinal o que eu perderia ficando com ele? Isso mesmo, nada.
Perderia em não ficar com ele. Isso sim.
Dou o meu
sorriso mais convincente e o puxo para mim, ficando a alguns poucos centímetros
de seus lábios.
— Ok, eu
também não me i-importo — Digo a voz falhando no momento mais impróprio.
Ele sorri
ainda confuso, mas me puxa para mais perto novamente e me beija delicadamente.
— O que foi
aquela ceninha ridícula no corredor hoje? — Becca grita para mim, na hora do
intervalo, no refeitório.
Suspiro,
tentando me acalmar. Não iria querer acabar com ela aqui, não agora.
Ela precisava
de mais, muito mais.
Matt que
atualmente sentava do outro lado no refeitório, junto com os jogadores da CHS,
lança um olhar para mim, e logo depois, caminha em minha direção.
Levanto da
minha cadeira para ficar do mesmo nível que Becca.
— E o que
você tem a ver com isso? — Digo arqueando uma das sobrancelhas.
Becca avança
e eu também.
— Ei, ei, o
que é isso? — Matt diz, passando o braço pela minha cintura e me puxando para o
seu peito para me deter.
— Essa...
Essa idiota do nada veio aqui sua desg...
Começo a me
debater nos braços de Matt quando vejo Becca avançar mais, se soltando dos
braços de John, que veio para segura-la e Matt me interrompe, puxando-me para
longe de Becca.
Começo a
balbuciar coisas sem sentido sobre Becca e sua grande capacidade de me tirar á
paciência quando lembro que Matt estava me rebocando para o corredor.
— Me solta
Matt! — Grito batendo no peito dele.
— O que vocês
iam fazer se eu não estivesse lá? — Matt grita de volta, segurando os meus
braços.
— Adivinha! —
Eu grito de raiva.
Eu estava
prestes a me soltar de Matt, aplicando-lhe um chute na virilha quando a voz me
encontra novamente.
Claire pare.
A voz me
atinge como um raio.
Arregalo os
olhos e espero por mais. Eu precisava de mais.
Eu não
consigo descrever o que sinto quando ouço essa voz estranhamente sedutora.
Bem, primeiro
vem á costumeira sensação de que uma mão gelada pousa em minha nuca. E
depois... Bem, e depois vem uma sensação estranha que eu não reconhecia.
A sensação de
que eu precisava daquela voz. A sensação de que precisava conhecê-lo.
E a sensação
de que ele estava comigo, sempre. Por qualquer circunstância, eu sabia que ele
estaria comigo.
— Claire?
Você está bem? Até parece que viu um fantasma. — Matt diz com um sorriso na
voz, colocando meu rosto em suas mãos e me beijando de leve.
A voz parecia
ter rugido. Parecia ter ficado furiosa.
O que provou
isso foi que assim que Matt encostou os lábios nos meus, um estrondo ecoou no
final do corredor.
Matt se vira
rapidamente para o barulho e xinga.
— Eu não
queria isso — Sussurro para a voz, mas Matt escuta e interpreta mal novamente
minhas palavras.
— Eu sei que
você não queria arranjar confusão com a Becca, Claire. — Diz Matt, se virando
para mim. — Becca já está passando dos limites.
Assim que
Matt termina de falar, o sinal toca, sinalizando o fim do horário de almoço.
— Qual a sua
próxima aula? — Matt pergunta, tirando a minha atenção da voz, que pelo que
parecia, agora fazia parte da minha cabeça.
— Hmm, é
Filosofia.
— Então eu te
levo para casa na saída. E vê se não arranja mais confusões — Ele diz sorrindo
e vai para a sua próxima aula.
Suspiro e vou
para a aula de Filosofia.
Eu não podia
continuar fazendo isso com Matt. E eu não podia continuar fazendo isso comigo
mesma, ficar... Gostando de uma voz. Uma simples voz!
Entro na sala
de Filosofia, que já estava cheia, me sentando em minha cadeira habitual; A
primeira mesa da fileira ao lado da janela, e espero a Sra. Silvester começar a
aula de Filosofia.
— Pare ai
amiga — Jen estendia os braços em minha direção, impedindo a minha passagem. —
Você vai me contar exatamente o que aconteceu hoje no refeitório.
Suspiro e por
nervosismo, passo os dedos em meu cabelo ruivo.
— A Becca
como sempre, me tira a paciência e quase dou um soco de esquerda nela se não
fosse por Matt. Satisfeita? — Dou um sorrisinho do tipo Ok, já falei o que você queria ouvir agora me deixe ir. E foi
exatamente isso que pensei.
Quando ameaço
ir embora, Jen me impede novamente.
— O que foi
Jen? Já falei o que você queria, e agora quero ir para casa. Que a propósito,
Matt irá me dar uma carona e ele deve estar me esperando — Digo séria.
— Não é só
isso Claire. Tem mais coisa. Eu sou sua melhor amiga lembra? Eu conheço você há
dez anos. Desembucha vai. — Jen cruza os braços ao peito e espera eu falar o
que quer que seja.
E mesmo que
eu conhecesse Jen há dez anos, e mesmo que Jen fosse minha melhor amiga, eu não
podia contar o que estava acontecendo.
Eu não podia
simplesmente falar: Ah Jen, eu estou
perturbada. Há quatro dias estou ouvindo uma voz em minha cabeça, e eu não me
sinto uma louca por isso. Muito pelo contrário, eu gosto de ouvi-la, gosto de
conversar com ela. E sinto que a cada vez que a ouço, estou me apaixonando por
uma voz. E ah, eu não sou louca ok?
Não era algo
que eu podia simplesmente contar a Jen agora, na frente da escola, como se
estivéssemos discutindo coisas normais e fúteis como; Sua unha está linda hoje.
Eu
simplesmente não podia contar isso para ela agora.
Talvez outro
dia, ou talvez nunca.
— Jen, não
está acontecendo nada ok? Agora preciso ir, tchau. — Digo rapidamente e me viro
para onde estaria o carro de Matt, sem esperar uma resposta.
Eu podia
sentir o olhar de Jenna em minhas costas, mas nem por isso me virei para
explica-la o que realmente estava acontecendo.
Assim que me
aproximo do estacionamento da escola, vejo Matt em frente ao seu Ford preto.
Quando chego
à frente do carro de Matt, ele vai para o lado do motorista e eu entro no lado
do carona.
Assim
que me sento no banco do Ford de Matt, ele gira a chave na ignição e dá a ré,
saindo do estacionamento da escola em poucos segundos.
Matt
fica em silêncio todo a caminho para a minha casa, com o olhar fixo na estrada,
que estava molhada com a chuva repentina que começa a cair.
Quando
ele estaciona ao lado da calçada, na frente de minha casa, ele me beija
rapidamente, avaliando a minha reação.
—
Você está estranha. — Matt diz me olhando.
Apenas
com essas simples palavras, a raiva estourou dentro de mim.
Livro-me
de seus braços em minha volta e o olho com ódio.
—
Eu estou cansada de todos me falando que eu estou estranha! Eu não estou
estranha, o que á de errado com vocês? — Grito para Matt com raiva.
Matt
me olha como se eu tivesse enlouquecido. O que não estava muito longe de
acontecer, imagino.
—
É por esse e outros motivos que todos estão falando que você está estranha;
nesses dois dias você está diferente, nem parece á mesma Claire que todos
conheciam, e você precisa me dizer o que está acontecendo. Agora. — Matt diz
calmamente, o que me deixava ainda mais irritada.
—
Mais que droga Matt! Não está acontecendo absolutamente nada comigo, e mesmo
que estivesse não iria ser você a pessoa que eu iria contar os meus problemas!
— Digo com ainda mais raiva.
Minhas
palavras pareciam ter afetado Matt, porque na mesma hora, ele virou o rosto
para a janela.
Mas
eu estava com muita raiva para fazer algo a respeito.
Abro
a porta do carro, e ao sair, a fecho com violência.
Corro
para a varanda e assim que passo pela porta ouço o Ford de Matt acelerar pela
rua.
Assim
que passo o trinco na porta da frente, sabendo que minha mãe não estaria em
casa, jogo a minha mochila no chão e grito para o vento.
—
O que você quer? Porque você é covarde o suficiente para não se mostrar para
mim? Você é um idiota! — Grito para a sala vazia, mas sabendo que, onde quer
que ele esteja ela saberia que eu estava falando com ele.
O
meu cabelo molhado grudava em minha nuca, enquanto eu esperava por uma
resposta.
—
Não vai me responder? — Grito, a raiva diminuindo a cada minuto que se passava,
enquanto eu esperava por uma resposta. Eu precisava de uma resposta.
Acalme-se.
A
voz me sobressalta, ecoando em minha cabeça confusa.
Respiro
fundo tentando fazer o que a voz me pedia mas não conseguia me acalmar.
Eu
não podia continuar com isso.
Eu
precisava conhecê-lo.
—
Eu não consigo me acalmar — Falo entredentes.
Tente.
Um
ruído de raiva sai por entre os meus lábios cerrados.
—
Eu já falei que não consigo.
A
voz parece suspirar.
Já percebi que você tem
um gênio e tanto. Diz
a voz em minha cabeça e parece rir.
—
É o que dizem — Digo sorrindo um pouco.
Era
impossível não sorrir com o som da voz que tanto parecia me acalmar.
É assim que eu gosto de
te ver, sorrindo.
Assim
que ele diz as palavras, sinto uma suave brisa passar pelo meu rosto, parecendo
me acariciar levemente.
Na
verdade podia jurar que ele tinha acariciado o meu rosto.
Por
causa desse pensamento, algo se revirou em minha barriga. Parecia que algo vivo
se remexia em minha barriga, um ser vivos do tipo... Borboletas.
Não,
não. Isso simplesmente não podia estar acontecendo. Eu... Eu estava me
apaixonando por uma voz.
Uma
voz que eu nem sabia se existia de verdade.
Eu
já devia ter percebido isso antes. Por que sempre que ouvia a voz dele, eu sentia algo diferente dentro de
mim, algo que eu nunca havia sentido na vida. E algo que muitas pessoas
procuram a vida toda para sentir.
E
eu estava muito ciente do que estava sentindo, só não queria acreditar nisso.
Não
podia acreditar.
Só
percebi que estava chorando quando a voz me desperta de meus pensamentos
sombrios.
Claire? O que está
acontecendo?...
A
voz parecia profundamente machucada, como se ele estivesse sofrendo comigo.
—
Saia daqui! Eu não quero mais ouvir você, não quero mais sentir isso, você me
faz mal! — Grito com os olhos cheios de lágrimas.
Jullie, por favor, não
faça isso.
—
Fazer o que? Eu estou fazendo o que acho que é certo. Não é certo ouvir você,
na verdade eu não deveria ouvir você — Grito para o vento e continuo — Ou você
ainda não percebeu que isso está me fazendo mal? Ninguém mais me reconhece, eu
acho que nem sou mais a mesma pessoa. Eu só queria saber como eu sou capaz de
te ouvir, ou como você é capaz de se comunicar comigo. Eu preciso saber da
verdade, pelo menos agora. Você sempre vem com essas explicações vagas, que me
complicam ainda mais.
Levanto
o olhar para a sala escura, todas as cortinas estavam fechadas. Nenhuma brecha
de luz passava pelas cortinas.
Quando
viro o rosto para a cozinha subitamente escura, vejo uma silhueta se movendo
pela cozinha.
Meu
corpo inesperadamente se trava de medo. Porém, com a mesma rapidez que a
silhueta aparece, ela some.
—
V-você ainda está ai? — Sussurro com a voz trêmula de medo.
Eu sempre estarei.
E
assim que a voz some, a casa entra inteiramente na escuridão.
quarta-feira, 7 de março de 2012
| |
0
comentários
Read more
0 comentários to "NO NAME - Capítulo 3"
Postar um comentário