Blog destinado apenas para a postagem de capítulos do meu livro, que ainda não tem nome.
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Sobre a autora

- Lívia Nunes
- Geminiana, gosto pelo o inalcançável e atraída pelas estrelas. Autora de textos utópicos e, quem sabe, auto-depreciativos nas horas vagas. Futura psicóloga e amante de gatos.
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Sem mais rodeios, vamos ao que realmente interessa, GO!
Capítulo
4, Viagem
‘’Quando a sorte resolve ficar ao seu lado, você
simplesmente precisa agarra-la com a maior força que puder’’.
Assim que ele se vai, subo para o meu quarto, e ainda com lágrimas nos olhos
procuro pelo meu diário.
Querido
Diário, 11 de agosto.
Eu não
sei mais o que faço.
Essa
voz parece me perseguir. Parece que onde quer que eu vá, ela sempre estará
comigo, mesmo que eu não possa vê-lo.
E o
pior de tudo, é que eu gosto disso.
Não
sei como eu posso estar... Apaixonada
gostando dele, sendo que eu nem o conheço.
Ele
diz para mim ter paciência, e o que mais me deixa irritada é por ele sempre
estar tão sereno, sempre tão calmo.
Eu
tenho que parar de busca-lo, eu fico imaginando mil coisas que podem fazer ele
se manifestar.
Agora
mesmo eu queria estar ouvindo-o.
Sua
voz era como uma dose de algum tipo de droga; eu sempre iria querer mais, e
mesmo que a parte mais racional de mim falasse que eu tinha que parar com isso,
eu não conseguia. Eu sempre me via chamando-o, implorando para que ele
voltasse.
Eu
nem conseguia mais ficar menos de um dia sem ouvir sua voz, incondicionalmente
sedutora.
Eu
sempre tive uma coisa que muitos chamam de sexto sentido, mas comigo, era bem
diferente. Eu sentia uma coisa, e logo, isso acontecia.
E
nesse momento, sinto que algo bom – ou ruim, mas é uma coisa boa para mim, pelo
menos – está por vir.
— Claire Blanc
Fecho
o meu diário e limpo os olhos com a minha blusa branca com renda.
Levanto
da cama e vou para o banheiro, disposta a tomar um longo banho.
Assim
que termino, me enrolo em uma toalha e vou para a cozinha. Assim que vou para a
geladeira, o telefone da sala toca.
Corro
rapidamente e pego o telefone no segundo toque.
—
Alô?
—
Oi filha, sou eu mamãe. — Mamãe diz carinhosamente. Ela parecia magoada e ao
mesmo tempo feliz.
—
Oi mãe, você já está vindo para casa? Vou preparar algo porque já estou
morrendo de fome. — Digo e dou uma gargalhada.
—
Hmm, filha, é exatamente isso que eu quero falar com você — Diz ela parecendo
ainda mais magoada.
—
O que é? Você quer que eu prepare algo em especial?
—
Não filha, não é isso. É que... Hm, Bem — Ela parecia temerosa em dizer — Eu
iria tirar uma folga de uma semana para poder ficar mais perto de você, mas,
bem, eu recebi uma ótima proposta para ir a New York receber umas aulas de um
grande nome da culinária local. — Minha mãe diz.
Eu
só não entendia o porquê dela estar com a voz meio magoada ainda. Isso era
ótimo. Mamãe iria aprender ganhar bastante experiência por isso.
—
Mãe mais isso é ótimo! Eu não me importaria de ficar um dia sem ver você sendo
que você estaria ganhando experiência e profissionalismo. Isso é bom. — Digo
animadamente, tentando entender o motivo dela ainda parecer magoada.
—
Bem Claire, é que na verdade eu ficaria uma semana por lá. — Mamãe diz com a
voz ainda mais baixa.
Aquilo
me atingiu como uma bola de futebol americano em meu estômago.
Mamãe
quase nunca ficava em casa, sempre estava no restaurante fazendo coisas que sub
donas de grandes restaurantes locais fazem.
Não
que eu não respeitasse isso. Claro que eu respeitava, porque sempre quando
mamãe podia, ela estava comigo, sempre conversando e me fazendo feliz.
Mas
mesmo assim... Eu não sei explicar, é algo estranho.
Desde
quando meu pai morreu, por mais que eu amasse incondicionalmente a minha mãe,
algo dentro de mim parecia... Estranhamente vazio.
Como
se alguém tivesse tirado algum órgão de dentro de mim e tudo o que restou foi o
isso, o vazio.
—
Hmm — Sussurro, não conseguindo pensar em uma resposta melhor, ou talvez até
mais coerente.
—
Você está bem filha? Você ficará bem se eu ficar fora por uma semana? — Mamãe
parecia estar sofrendo por ter que fazer isso.
Eu
devia parar de ser tão egoísta, afinal, minha mãe não iria para New York á
férias, ela iria para poder conseguir experiência, e até quem sabe, ser
promovida a Dona do restaurante. Afinal, o atual dono já estava com mais de
oitenta anos, e daqui a alguns meses não iria mais conseguir administrar o
estabelecimento.
—
Mãe, vá. Não se preocupe comigo, vou ficar bem. São apenas sete dias, vai
passar rápido. — Digo com a voz mais convincente que pude fazer.
—
Espero que sim filha. Se você quiser, pode chamar Jenna para ficar com você
esses sete dias. Pode deixar que ligo para os pais dela. — Mamãe diz, ainda com
uma pontada de preocupação na voz.
Pensando
bem, não seria assim tão horrível se Jen ficasse comigo.
Na
verdade, iria ser demais.
—
Mãe, eu sei que você está preocupada comigo, mas não á motivos está bem? —
Digo, pensando em tudo o que eu poderia fazer sozinha, apenas com Jen em minha
casa...
—
Então está marcado filha, vou ligar agora para os pais de Jenna e vou para casa
fazer as malas. Um beijo, e até logo.
—
Beijo mãe. — Digo e desligo a ligação.
Coloco
o telefone no gancho e vou para a cozinha.
Ahh, nem vai ser tão
ruim assim Claire.
Penso para mim mesma. Afinal, você já tem
dezesseis anos e nunca ficou sozinha em casa com sua melhor amiga por uma
semana, pense nas possibilidades.
Enquanto
lavo a louça que havia sujado no almoço, o telefone toca mais uma vez.
Corro
para a sala e tiro o telefone do gancho, apoiando-o contra o ombro esquerdo e a
orelha, indo novamente para a cozinha. Foi bem útil mamãe ter comprado um
telefone sem fio.
—
Alô?
—
Ahh, nem acredito que vou ficar uma semana inteira na sua casa sem
absolutamente nenhum responsável por nós! Vai ser absolutamente demais Claire!
— Jen grita animadamente contra o telefone.
—
É, acho que vai ser bem legal mesmo. — Digo, tentando imitar o tom
superanimador de Jen, não tendo muito sucesso.
—
Nossa Claire, mais que animação hein?
—
Ahh Jen, me desculpe por hoje na escola. Estou meio... Estranha ultimamente. —
Digo, terminando de guardar a louça.
—
Ok, te entendo mais do que você pode imaginar. Sou sua amiga lembra? Você pode
falar tudo o que você quer para mim. — Jen diz carinhosamente.
Mas
infelizmente ela não tinha tanta razão assim.
Como
ela iria reagir se eu dissesse coisas do tipo: Ahh Jen, você não sabe o que está acontecendo comigo. Acho que estou me
apaixonando por uma voz que conversa comigo em minha cabeça, e que
sinceramente, acho que na verdade eu mesma inventei essa voz.
Mas...
E se Jen realmente estivesse razão? Eu sempre pensava no pior, sempre pensava
que ela iria me ridicularizar e me chamar de louca. Mas nunca tinha pensado no
‘e se ela acreditar em mim’.
E
se ela acreditar em mim?
E
se ela acreditar em toda essa maluquice?
Eu
nunca tinha duvidado da amizade de Jen. Ela não era aquele tipo de amiga que se
aproxima de você só porque você ficou popular na escola ou coisas do tipo. Eu
conhecia Jen desde quando eu tinha oito anos.
Ela
sempre foi a minha melhor amiga.
Mas
também não é só por causa disso que eu vou sair falando tudo para ela.
Eu
talvez eu estivesse pensando errado.
Afinal,
o que eu iria perder contando tudo para Jen? Na verdade, mais cedo ou mais
tarde eu iria acabar perdendo a amizade de Jen por não contar nada para ela.
E
essa era a minha única chance de concertar tudo.
Eu
precisava falar para Jen o que estava acontecendo comigo nesses sete dias que
ela ficaria em minha casa.
Eu
precisava dela, mais agora do que nunca.
—
Claire? Você ainda está ai? — Jen pergunta me tirando de meus devaneios.
—
Sim, sim. Você tem razão Jen. Até daqui a pouco.
quinta-feira, 8 de março de 2012
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