Blog destinado apenas para a postagem de capítulos do meu livro, que ainda não tem nome.
Arquivo do blog
Sobre a autora

- Lívia Nunes
- Geminiana, gosto pelo o inalcançável e atraída pelas estrelas. Autora de textos utópicos e, quem sabe, auto-depreciativos nas horas vagas. Futura psicóloga e amante de gatos.
Tecnologia do Blogger.
Bem, o capítulo anterior deve ter ficado meio vago para vocês, pelo fato de ser pequeno e por ser - SPOILER A SEGUIR, SE VOCÊ AINDA NÃO LEU O CAPÍTULO ANTERIOR CLIQUE AQUI -> http://blogdolivrosemnome.blogspot.com/2012/03/no-name-capitulo-6.html E LEIA ANTES DE PROSSEGUIR - o primeiro contato físico de Claire e A voz.
Esse capítulo se passa 5 meses depois do último acontecimento, e mostrará muita coisa e novas surpresas para a nossa personagem Claire. Boa leitura!
5 Meses depois
E por mais
que doa, você precisa seguir em frente. E por mais que você sofra você precisa
esquecer.
“O tempo
apaga todas as mágoas do passado”, se é o que dizem você precisa acreditar...
Ou pelo menos tentar.
É o que estou
fazendo agora, tentando.
* * *
O sinal
sinalizando a hora do almoço toca me tirando a atenção da aula de Filosofia.
Arrumo minhas
coisas e vou para o corredor, onde sei que Jen estará me esperando para o
almoço, ela irá tagarelar coisas sem sentido, tentando me fazer voltar a ser a
Claire de antes.
Cinco meses
haviam se passado sem nada.
Nenhum
bilhete, nem uma voz, nem uma aparição... Nada.
E isso me
machucava, machucava muito, mas eu não demonstrava.
Matt havia me
perguntado o porquê do berreiro daquele dia em que ele simplesmente apareceu em
minha casa – depois ele me explicou que foi em minha casa para levar a bolsa
que eu tinha esquecido em seu carro depois da desastrosa festa na casa de
Marcie – mas eu tinha falado apenas que não lembrava o motivo, que eu ainda
estava sob efeito do álcool. Ele parecia ter acreditado.
E desde
aquele dia, eu... Não havia mudado completamente, mas em alguns hábitos eu
estava completamente mudada: Eu não era mais aquela menina ignorante que todos
se aproximavam por interesse, eu não vou falar que agora sou santa – fiz muitas
besteiras também nesses cinco meses tentando esquecer ele – mas, acredito eu, que não era mais tão chata e ignorante.
Não ligava
mais tanto para a minha reputação na escola, continuava sendo líder de torcida,
mas isso agora não me importava tanto.
Na verdade,
nada mais fazia tanto sentido para mim. Desde o dia em que o vi – não no modo
literal – pela última vez.
Fico tão
perdida em pensamentos que não percebo quando bato de frente com alguém que não
pude ver o rosto.
— Droga... Er
desculpe-me — Digo levantando o olhar para ver o rosto de quem quer que seja
essa pessoa.
A pessoa que
vejo não é com toda a certeza alguém que eu já tivesse visto nessa escola.
Deveria ser
algum aluno novo.
O aluno que
está a minha frente é branco, alto – digo bem alto, uns vinte centímetros mais
alto que eu -, tem olhos de um azul celestial, seu cabelo era liso e curto, de
um castanho claro. Sua beleza era incomum e ele era muito bonito, todas as suas
características eram únicas e nunca tinha visto alguém assim em toda a minha
vida.
Na verdade
toda a beleza desse aluno parecia ser celestial, de tão incondicionalmente
bonito.
Ele parecia
sorrir para mim.
E por uma
fração de segundos nossos olhos se encontraram e eu não pude desvia-los.
Aqueles olhos
profundamente azuis pareciam penetrar minha alma e sacudi-la. Eu tento desviar
meu foco para os armários ou qualquer outra coisa, mas eu simplesmente não
consigo, e ele também parecia não querer desviar os olhos de mim tão cedo.
— Eu é que
peço desculpas, deveria prestar mais atenção por onde ando — Ele diz ainda
desviando a minha atenção para suas palavras firmes e gentis.
Algo naquele
sorriso acendeu alguma chama de vida dentro de mim, só não consegui dizer o por
que.
Mostro-lhe um
sorriso sincero, algo que não fazia há muito tempo.
— É bem, seja
bem-vindo a County High School. — Falo ainda sorrindo passando o peso do corpo
para o pé direito.
— Obrigado, é
muita gentileza da sua parte. Posso saber o seu nome? — Ele pergunta
educadamente, estendendo a mão direita para mim.
Coloco os
livros no braço esquerdo e pego sua mão vagarosamente.
— Claire,
Claire Blanc.
— Prazer em
conhecê-la Claire, meu nome é Trish Mansen — Ele diz com um sorriso estonteante
no rosto.
E foi com em
choque que percebi que o mundo continuava girando, as pessoas continuavam
vivendo, porque por estar falando com Trish ali, nós parecíamos estar em uma
bolha só nossa, e eu não havia percebido que o corredor em que nós estávamos
era um caos, os alunos estavam indo para o refeitório, conversando
ruidosamente, outros alunos fechavam seus armários fazendo barulho, e só agora,
apenas agora pude perceber isso.
Foi como se
eu já conhecesse Trish há muito tempo.
— Bem, eu
tenho que ir... Agora. — Eu digo, tentando escapar do abismo que eram seus
olhos azuis.
— Ok, agente
se vê Claire — Ele diz soltando minha mão.
Ele pronuncia
meu nome com delicadeza, e eu sentia como se essa não fosse a primeira vez que
Trish a pronunciava.
Dou um passo
para a esquerda para poder ir para o refeitório, mas Trish também dá um passo
para a esquerda, vou para a direita e ele também.
Dou uma
risadinha e contorno ele, seguindo para o refeitório me permitindo dar uma
olhadinha para trás: Trish continuava me fitando, sorrindo também.
Depois de ter
conhecido Trish e rapidamente ter trocado algumas palavras, a escola inteira já
parecia ter percebido sua presença. Eu ouvia cochichos e mais cochichos sobre
Trish por todo o refeitório, e acredito-me, por toda a County High School.
— Todos estão
comentando sobre um novo aluno na escola hoje, um tal de Pish. — Jen diz, dando
uma mordida em seu sanduiche natural.
Tomo mais um
gole do meu suco de laranja antes de responder rapidamente.
— O nome dele
é Trish, Trish Mansen. — Digo dando mais um gole no suco.
Os olhos de
Jen faíscam na minha direção.
— Hmm, então
você já falou com ele? — Jen pergunta, tentando ser casual.
Mas eu a
conhecia bem.
Jen sempre
foi o tipo de pessoa que tem que ver a amiga feliz, e o seu conceito de
felicidade sempre era ter alguém. E
ela nunca perdia uma chance de arranjar a “minha cara metade”. Nunca mesmo.
— Sim, foi
uma coisa bem rápida. Eu estava distraída no corredor quando o sinal bateu e
ele também, nos batemos e ele se desculpou, nos cumprimentamos e só isso Jen,
nada demais.
Mas não falei
com Jen sobre a parte de eu me sentir como se já tivesse conhecido ele antes,
como se ele já fizesse parte da minha vida.
Mas isso era
meio exagerado então prefiro não falar sobre isso com Jen.
— Mesmo assim
Clai, ele falou com você, e ainda fez questão de se apresentar. Isso já é
alguma coisa. — Jen rebate certa de que vai conseguir o que quer.
E eu sabia o
que ela queria, e sabia muito mais o que ela queria dizer com isso, e não
gostava nem um pouco disso.
Eu ainda não
estava totalmente recuperada com o que havia acontecido a 5 meses atrás.
Todos falam
que o tempo cuida de tudo, mas não é bem assim, eu ainda não tinha me esquecido
dele. Ainda não tinha esquecido o modo como ele sussurrava meu nome em minha
cabeça.
E ainda não
tinha me esquecido de como gostava dele. Na verdade, não sabia como esquecer.
Nesses cinco
meses já tinha feito muita coisa para esquecê-lo, coisas do tipo: Boates,
festas e loucuras.
Eu havia
guardado o cola que ele me dera na noite da festa na casa de Marcie no fundo da
minha gaveta, e também, no fundo da gaveta, queria colocar minhas mágoas, a
dor, o tempo que passara e voltar a viver como vivia antes.
Eu achava que
minha vida era perfeita, que tudo era perfeito e que tudo tinha que ser do
jeito que eu queria. Mas também me sinto agradecida por tudo isso ter
acontecido, pois se não fosse pelas minhas alucinações – eu preferia achar que
tudo o que aconteceu eram meras coincidências e alucinações, era mais fácil
viver assim – eu continuaria sendo aquela menina ignorante e petulante, que
achava que tudo tinha que ser feito do seu jeito, que ela era melhor que todos.
— Jenna, por
favor, não complique as coisas. — Imploro, fingindo não perceber que ela me
chamará pelo apelido que não gostava muito.
— Complicar o
que? Eu estou te ajudando, você sabe que precisa de alguém, muito melhor que
eu, você só não quer admitir isso para si mesma. Pare com isso!
Respiro fundo
e olho intensamente para Jen, que também me fitava com uma sobrancelha
levantada.
Ficamos nos
encarando por longos dois minutos até Jen soltar um longo suspiro.
— Você tem um
gênio e tanto!
E assim que
Jen diz isso, duas coisas acontecem simultaneamente: O sinal toca, sinalizando
o final do horário de almoço e um jorro de emoções passa por mim com essas seis
pequenas palavras, emoções, sensações e lembranças, das quais eu não me
permitia acessar, das quais eu não queria acessar.
“Já percebi que você tem um gênio e
tanto”. Ele disse
para mim naquele dia em que me encontrava em fúria, e só bastou essas poucas
palavras para me fazer rir. E foram as poucas palavras de Jen, tão parecidas
com as dele que me fez ter uma onda de nostalgia e angustia que insistia em
estar sempre por perto, sempre me rondando e corroendo as beiradas das feridas
dentro de mim.
Mas eu
precisava esquecer isso. Esquecer tudo o que ele havia mudado em mim, tudo o
que ele me fez sentir algum dia.
Era uma coisa
necessária, e eu iria esquecê-lo um dia. Eu tinha a obrigação de esquecê-lo,
apenas isso.
— Ei? Ei
Clair, você está ai? — Jen balança as mãos na frente de meu rosto tentando
chamar a minha atenção.
Meus olhos
entram em foco e eu volto à realidade rapidamente.
— S-sim,
estou. — Digo, olhando ao redor e vendo todas as mesas e cadeiras vazias,
apenas eu e Jen naquele enorme refeitório. — Vamos logo, já estamos atrasadas.
Jen parece
estar em duvida, seus olhos pareciam duas grandes interrogações.
— Ok, vamos.
— Ela diz e me puxa para o corredor.
Corremos para
o nosso armário, pegamos nossos livros para a próxima aula quando Jen xinga
alto.
— O que foi?
— Eu pergunto, fechando o meu armário.
— O professor
de literatura pediu para nós chegarmos mais cedo hoje na aula por causa de uma
apresentação, já era para eu estar na aula dele.
— Então vá
logo para sua aula, eu ainda teria que passar no banheiro de qualquer jeito.
— Certo.
Agente se vê na saída ok? — Ela diz já se virando para o outro lado do
corredor, rumo à sala de literatura do professor Alaric.
— Ok.
Jen corre e
desaparece no final do corredor, virando à esquerda.
Viro-me para
o corredor indo para a próxima aula.
Mas qual era
a próxima aula? Bem, eu ainda não tinha decorado o horário inteiro.
Xingo
baixinho e me viro novamente para o meu armário, destrancando-o.
Pego a folha
dos horários e fecho a portinha de metal com força demais, fazendo eco no
corredor inteiro.
Astronomia. Essa era a próxima aula.
Comemoro
mentalmente por ser uma aula a qual eu apreciava.
Assim que me
viro para a sala de astronomia, um vulto passa pela minha visão periférica.
Uma onda de
nostalgia passa por mim nesse momento.
Será que
estava acontecendo de novo? Tudo de
novo? Não, impossível.
Engulo a seco
e dou passos excitantes na direção do vulto. Separo os lábios para falar, mas
não encontro minha voz.
Claire...
Congelo onde
estou.
Não, isso não
podia estar acontecendo de novo.
Eu havia
ficado cinco meses sem ouvir essa voz, eu havia esperado cinco meses por essa
voz, eu havia precisado por cinco meses dessa voz, e agora que começo a retomar
minha vida ela simplesmente volta.
Meus olhos
começam a arder, eu espero pelas lágrimas, mas elas não aparecem.
Eu já havia
acabado com a cota de lágrimas por um ano. Eu havia chorado por cinco meses o
que eu chorava em cinco anos.
As lágrimas
não iriam vir tão facilmente assim, e ficava tremendamente feliz por isso.
Mas a dor
dentro de mim não parecia ter desaparecido junto com as lágrimas, muito ao
contrário, agora que não havia mais lágrimas, a dor dentro de mim parecia ter
sido inflada a níveis máximos. Ela parecia mal caber dentro de mim.
Claire... Claire... Claire...
A voz ecoa
pela minha cabeça, me causando náuseas e tontura.
Claire... Claire... Claire...
A voz parecia
gritar agora dentro de minha mente, explodindo em grandes pedaços de mágoa e
ressentimento.
Meu nome
ecoando dentro de minha cabeça parecia uma dose de entorpecentes, quanto mais
elas ecoavam mais eu me sentia nauseada e tonta.
— Pare, por
favor... Faça parar...
Era só o que
eu conseguia falar.
Meus lábios
estavam entorpecidos, meu corpo estava dormente.
Eu estava
entrando em total inércia. Uma neblina cinzenta embaçava minha visão.
Meus livros
deslizam pelos meus braços dormentes e caem no chão com um estrondo alto,
ecoando em minha cabeça repetidas vezes.
Meus braços
tateavam os armários tentando inutilmente achar algum apoio, alguma ajuda.
Sinto meu
corpo ficar cada vez mais pesado e mais meu nome ecoava em minha mente, me
fazendo querer gritar de raiva, se eu conseguisse.
Meu corpo
fica totalmente entorpecido e caio no chão, sentindo o piso claro e frio contra
o meu rosto, arrepiando os pelos de meu corpo.
E é então que
minha consciência entra totalmente a deriva.
quarta-feira, 14 de março de 2012
| |
0
comentários
Read more
0 comentários to "NO NAME - Continuação do capítulo anterior"
Postar um comentário