Blog destinado apenas para a postagem de capítulos do meu livro, que ainda não tem nome.
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Sobre a autora

- Lívia Nunes
- Geminiana, gosto pelo o inalcançável e atraída pelas estrelas. Autora de textos utópicos e, quem sabe, auto-depreciativos nas horas vagas. Futura psicóloga e amante de gatos.
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Gente, esse capítulo é um capítulo relativamente pequeno, pois é mais para esclarescer as coisas, afinal, é o primeiro contato fís... EPA, já ia passar spoilers (risos).
Capítulo 6, escuridão
“[...] Você pode sentir,
mas não pode ver.”
—Claire...
Ele diz em
minha cabeça, parecendo profundamente magoado.
Era incrível
como eu podia sentir realmente o que ele estava sentindo apenas pelo seu timbre
de voz.
Apesar de já
ser comprovado cientificamente que a voz mental da pessoa é muito diferente da
voz verbalizada da pessoa. Ainda sim... Eu conseguia captar seus verdadeiros
sentimentos apenas ouvindo sua voz, e era exatamente isso que mais me intrigava
nele.
Limpo meus
olhos rapidamente, e ouço sua voz ecoar dentro da minha mente.
— Por
favor... Me a-ajude — Foi apenas o que eu consegui pronunciar antes de cair mais
uma vez em lágrimas e soluços.
Eu cobria os
olhos com as duas mãos quando senti novamente aquela brisa suave em meu rosto,
que me acalmava subitamente e inconscientemente.
— Claire...
Claire eu...
Eu fico
paralisada abruptamente.
A voz não
tinha soado dentro de minha cabeça, e sim ali, perto de mim. Parecia estar
sussurrando em meu ouvido, eu até sentia o hálito quente que fazia cocegas em
minha nuca. Eu podia sentir a energia fluindo pelo meu corpo, a adrenalina do
momento.
Mas quando eu
abro os olhos, todo o jardim está em completa escuridão. As luzes dos postes
estavam apagadas agora e até mesmo a luz da lua parecia ter sido sugada pela
escuridão.
Tateio a
relva áspera á procura da lanterna, mas nada acho.
E uma frase
simplesmente brota em minha mente no mesmo momento.
Você pode sentir, mas não pode ver.
Aquilo me
toma de medo.
Mas porque
isso?
— Eu... Eu
estou com medo — Eu sussurro para o nada.
— Você não
precisa ter medo Claire, tudo ficará bem. — A voz doce e macia sussurra,
novamente parecendo estar ao meu lado, sussurrando em meu ouvido.
Viro-me na
direção da voz e só o que encontro é uma silhueta.
Estico o
braço, devagar na direção da silhueta e encontro um rosto a mais de 10
centímetros mais alto que o meu.
A mão dele
parece tocar a minha, me aquecendo subitamente.
— Claire...
O sussurro
parecia mais perto, agora tocando o alto de minha testa.
Aproximo-me
mais dele e ele não parece recuar.
A mão quente
e macia toca o meu rosto, e uma corrente de emoções passa por dentro de mim,
bagunçando os meus pensamentos.
Eu não
conseguia me concentrar em nada. Só o que consigo pensar é que ele está me tocando.
Eu não tinha
duvidas de que era ele. Eu sentia isso.
Enrosco os
meus dedos em seu pescoço e o puxo para mais perto, não conseguindo me
controlar.
— Claire,
você... Nós não podemos fazer isso,
eu não consigo resistir ficar assim tão perto de você...
— Então não
resista. — Eu sussurro de volta, seu hálito quente acariciando o meu lábio
superior.
Um gemido de
vontade, urgência e indecisão passa pelos seus lábios levemente separados.
Minha
respiração aumenta a cada segundo que se passa, fazendo meu coração dar pulos
de... Eu não conseguia encontrar uma palavra correta para o que eu sentia.
Era um misto
de adrenalina, alegria, excitação e prazer.
No que só podia
resultar em batimentos cardíacos não muito normais. Na verdade, nada normais.
Meus dedos
tremiam na base do pescoço dele, e suas mãos continuavam pousadas sobre minhas
bochechas, que provavelmente estariam ruborizadas.
Aproximo-me
mais um pouco de seu rosto, e se eu resolvesse – o que aconteceria logo se
continuasse nesse ritmo – me aproximar mais um pouco, nossos lábios se
encontrariam com facilidade.
Ele acaricia
meu rosto gentilmente, e por causa desse simples ato, meus músculos pareciam
que iriam despencar a qualquer momento.
Uma força
maior que a gravidade me puxava para ele. Era feroz e incontrolável.
Eu
simplesmente não conseguia me conter. Quanto mais perto, mais eu queria; perto
demais não era perto suficiente.
E essa força
continuava me puxando para ele, arrastando-me lentamente para o abismo que era
seus braços, suas mãos, seus lábios... Seus lábios.
Eu precisava
dele mais do que ar, mais do que qualquer coisa.
Ele era o meu
chão, a minha gravidade, era ele que me segurava ali.
Como eu podia
já estar sentindo isso em tão pouco tempo? Eu não conseguia entender isso. E
acho que jamais entenderia. Na verdade, jamais queria entender.
Um suspiro
passa pelos lábios dele, me tirando de meus enleios.
— Mas eu
preciso fazer Claire.
Ele sussurra
não tão perto quanto eu queria. Mas não tive tempo de tentar entender os
significados ocultos de suas palavras, pois um segundo depois, eu estava no meu
jardim, às luzes dos postes iluminando a rua vazia, a luz da lua iluminando a
relva que se movimentava preguiçosamente com a brisa suave que passava ali.
— V-você
ainda está ai? — Eu sussurro, tremendo de frio.
Era estranho
não poder falar seu nome. Eu nem se quer sabia o nome dele!
Como isso
podia acontecer? Como isso podia ser real?
Eu não tinha
ideia disso.
E quando só o
que eu recebo como resposta é o silêncio gritante, meus olhos começam a arder.
Um
escandaloso choro estava por vir, eu sentia isso.
— Por favor!
Apareça de novo! — Eu grito para o nada, me levantando da relva áspera que
machucava meus pés descalços. — Você não pode fazer isso! Simplesmente aparecer
e acabar com a minha vida e depois sair dela! Olhe os estragos que você fez, eu
estou chorando e nem sei por que direito!
A raiva começa a crescer dentro de mim, e
junto dele, vinha à tristeza.
— Se for pra
isso acontecer sempre, saia da minha vida! Saia e não volte nunca mais! Nunca! — Eu grito, não fazendo ideia ainda do que tinha acabado de
falar.
Eu estava
enlouquecendo, sentia isso.
Eu não
conseguia entender, não conseguia crer como eu havia mudado tanto em poucos
dias, se eu já estava assim agora, o que estava por vim ainda? O que mais eu
teria que encarar?
Eu esperava
sentir alguma coisa depois do que eu havia dito, mas nada aconteceu.
Nada.
Apenas a
minha respiração acelerada ir e vir, mais nada.
O silêncio
nunca era um bom sinal. Isso era fato.
E quanto mais
o silêncio zumbia em meu ouvido, mais algo começava a me consumir por dentro.
Eu não
consigo explicar o que eu sinto, nunca.
Mas isso era
novo... E horrível.
Era como se
um grande abismo tivesse se instalado dentro de mim, algo ruim e devastador.
Ele não iria responder a isso? Iria? Penso, começando a pensar direito no
que havia acabado de dizer.
Mas ele não vai embora. Eu já falei
isso antes e ele não foi. Continuo,
tentando me convencer disso, não tendo muito sucesso.
Mas eu nunca
tinha falado isso tão á sério, tão convencida disso.
Eu tenho certeza do que quero, e eu
quero que isso acabe.
Eu posso ter
certeza do que eu quero, mas isso não impede que as lágrimas rolem cada vez
mais pelo meu rosto.
Enrolo-me
mais no hobby e me viro para a
direção da minha casa quando uma silhueta alta aparece por entre as sombras.
— Quem é que
está ai? — Pergunto, dando passos hesitantes na direção da silhueta.
Ele se afasta
das sombras e agora eu posso vê-lo com clareza.
Seus olhos
azuis esverdeados brilhavam de preocupação e seus cachos castanhos caiam pelo
seu rosto, ele sorria para mim fazendo o parecer um modelo de comercial de
pasta de dente.
— Claire?
Você está bem? — Matt me pergunta, vindo em minha direção.
Eu não
conseguia formular uma resposta coerente e convincente naquele momento.
Corro em sua
direção e me jogo em seus braços quentes e aconchegantes enquanto ele me aninha
em seu peito e sussurra em meu ouvido, dizendo que tudo irá ficar bem.
Agarro-me em
sua camisa e choro ainda mais por causa de suas palavras. Eu sabia que nada iria ficar bem.
Nada iria
ficar bem desde o dia em que eu o conheci do jeito que sua voz penetrante,
suave e irresistivelmente sedosa me abala, nada depois disso iria ficar bem.
Eu conhecia
bem essa história; A menina inocente se apaixona pelo garoto misterioso e
charmoso que sempre desaparece e faz sua vida virar de cabeça para baixo.
Mas eu não
iria ser essa menininha inocente que se deixa abalar por um amor fora de contexto,
eu iria seguir em frente, e mesmo que nada desse certo, iria sempre sorrir e
mostrar para todos o quanto eu estava bem. Mas só precisava daquela noite para
ajeitar as coisas dentro de mim, para limpar todas as mágoas e sofrimentos,
para poder chorar uma última vez. E eu sabia que Matt sempre estaria ali para
me ajudar, fosse o que fosse.
Talvez ele
fosse uma boa opção.
E não uma voz
idiota que me fazia sentir tudo o que não queria.
Talvez com
Matt, as coisas fossem mais fáceis, nada de drama, nada de dor, apenas
felicidade e paixão. Mas eu precisava entender isso primeiro. Só isso que eu
precisava, tempo.
segunda-feira, 12 de março de 2012
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